uma semana de opera
Tudo começa numa tarde de Janeiro de 2022, pouco depois do nascimento da Monstro, Paulo Lapa apresenta-nos a Plateia Protagonista. “Que consiste na criação de projetos educacionais e sociais ou de conteúdos performativos, a Plateia trabalha ativamente para que esta forma de arte se estabeleça como uma expressão cultural amplamente validada pelos mais diversos públicos.”
Depois de algumas conversas o desafio era lançado, a realização de um mini documentário, em que demonstrava toda o processo de preparação durante a semana anterior ao dia do grande evento.
Finalmente chegou o dia, com um nervosismo no estômago, causado pela ansiedade de estar envolvido no projecto e também com o receio de ser ou não capaz para tal desafio.
Arrancamos para a cidade de Leiria, nesta viagem à boleia de Tiago (um dos responsáveis também pelo projecto) da incansável Claudia Brandão (responsável pela comunicação) e também pela talentosa Meechot Marrero (senhora de uma voz inacreditável e com uma energia que não deixa ninguém indiferente).
Já na nova casa começava o processo de escolher a lente ideal, pois esta tinha de ser dinâmica para captar todo o tipo de angulos, o gymbal (incansável amigo), camera para fotografar, tripés, etc. Muito foi o material utilizado ao longo desta semana.
A cada dia que passava mais uma pessoa nova que se conhecia, primeiro a Sofia Angelo (encenadora, por favor miúda come que esse carro precisa de gasolina) depois alguém que se veio tornar num verdadeiro super herói Diogo Bach (impressionante, apenas isto). Em seguida o Luis (com a sua voz que se fazia ouvir em toda a Leiria), o Pedro (o homem que consegue controlar as nossas meninas), a Silvia, a Joana, o João, a Marcia, bem vocês já estão a entender , não é! E por fim (não posso não mencionar porque senão sou desertado de BBT e não quero) as nossas meninas. Jovens crianças com problemas enormes (o meu namorado não me atendeu o telefone, estou sem net, estou sem bateria… ) e crianças as quais fiquei apaixonado, derretido por tamanha generosidade, graciosidade e alegria. Estar com elas é sem dúvida algo que me fazia levantar cedo e ir para a cama quando já não podia mais das pernas.
Rotina? Isso não foi palavra que se utilizasse, muito menos que se sentisse durante a semana. Todos os dias havia um desafio a ultrapassar, fosse em aspecto de trabalho ou em aspecto de ajudar o próximo (Sofia come, tu tens de comer, uma constante batalha com a encenadora) pois quando estamos num grupo fazemos parte de uma família.
As manhas começavam todas da mesma maneira, ensonados cheios de preguiça mas assim que as malgas eram colocadas na mesa grande do hostel, começava a velocidade e a eletricidade que se ia sentir durante todo o dia, Carolina (uma das amorosas meninas) pouco falava enquanto que as outras discutiam as suas coisas importantes, o seu namorado(a) que esteve a a falar na noite anterior, as unhas que a Sofia não ia aceitar, entre tantas outras coisas. Enquanto que o Pedro tentava a todo custo e conseguia acalmar tanta energia matinal. Sim o Pedro, esse grande sportinguista apaixonado que no último dia conseguiu cumprir o que queria fazer; "alvorada alvorada... tira a cabeça d'almofada" aos berros, lindo!
Nos corredores do teatro fazia-se sentir a energia contagiante destas coisas, aquele frenesim no estômago, enquanto se ouve por todos os corredores as Grandes vozes desta malta, sim esta malta canta que se farta. No meio de ensaios, treinos e mais ensaios havia sempre tempo para a risota, fosse ela com o técnico de som, de palco ou outro qualquer. Ou então o Paulo com as suas direções de palco "tens aqui o Camões a direcionar a Caravela, vai tudo para a esquerda, vai..." Ou o Tiago a cantar “Porque a couve tem talo e o bacalhau tem rabo? Se o feijão-verde tem fio, porque não tem talo o nabo?” o que mais dizer, lindo!
Muitas foram as peripécias, que agora são relembradas enquanto se está na batalha da edição do documentário ´Ópera connosco | Marvila, que muito em breve estará finalizado. E com tanta paixão, não poderíamos deixar apenas que se tornasse um documentário para consumo próprio e ficar esquecido na gaveta, queremos ir mais longe, porque somos capazes, porque quando fazemos as coisas com esta energia e temos esta família apoiar, lá está, esta ganho.
Aproveita e vê o documentário, aqui!